Projeto Origens

Projeto Origens

O Projeto Origens é um projeto de arte urbana que pesquisa e se aprofunda em histórias migratórias, desde as mais antigas até as contemporâneas. Selecionamos algumas dessas histórias e fotografamos o imigrante para logo, a partir da foto, transforma-lo em um mural que represente e homenageie as suas origens. Os murais são realizados pelo artista
AKN (Aka Muito Prazer) e levam um QR Code para que, ao entrar, o público tenha acesso a história completa de cada imigrante.

Contato para maiores informações:
muitoprazer.origens@gmail.com
@projeto.origens_
@muitoprazer_ _

Projeto Origens

Mães e filhas na arte

 

 

 

“”Y es que las mujeres hacemos familia en nuestros oficios también, con lealtad y
compañerismo eterno, cada una en su propia imagen y realidad femeninas (…)”

Carola Trimano em “Residencia de Arsfactus”, Revista Finart, 14 mai 2022

 

 

Uma das palavras que melhor definem o universo feminino é o verbo “compartilhar”.

Compartilhamos nossos corpos ao dar a luz, compartilhamos nosso conhecimento da vida com os nossos filhos, nosso trabalho dentro da família, nossa solidariedade com a comunidade. E se, algumas vezes, em nossos ofícios, acabamos por criar laços de familiaridade, em outras, das relações familiares surgem afinidades de ofício.

Nesta edição de 2022 da Finart, cujo tema é a gravura “Crianças no Vilarejo”, somos instadas, por um breve segundo, a entrar naquele trem que levou Tarsila e Pérez Sola “da capital São Paulo percorrendo os arrabaldes até Carapicuíba”, para apreender as tonalidades do azul e do rosa caipiras e pensar nos muitos outros momentos de troca, espontâneos ou não, que viveram outras mulheres, agora mães e filhas, que encontraram na arte o seu meio de expressão e o seu ofício. Pérez Sola e Carola Trimano, artistas plásticas; Eddy Tricerri, Christiane e Isadora Tricerri (3º geração), artista plástica, atriz e fotógrafa, respectivamente; Catharina e Gigi Suleiman, artista visual e escritora/musicista; Marcia Christina Rigonatto e Maraí Senkevics, escritora e fotógrafa/gravurista; Rosely Nakagawa e Alice Matuck, curadora independente e artista plástica, são algumas dessas mulheres, que citamos como exemplo. Quando perceberam que seus caminhos se cruzavam, para além da relação mãe/filha? De que maneira definiram suas linguagens pessoais e criaram seus métodos de trabalho? Deixaram-se influenciar mutuamente ou encontraram estéticas próprias em seus fazeres artísticos? São perguntas cujas respostas nos permitiriam o entendimento de cada trabalho e talento individual. Em comum, entre elas, sempre a opção pela arte como forma de expressão e de relacionamento com a vida.

Marcia Christina Rigonatto, Setembro/2022

 

Exercícios de liberdade: Vivências urbanas de uma narradora quase poética

Um livro onde duas linguagens se encontram para falar da cidade

“Quando a Marcia me questionou sobre obter fotografias de São Paulo para o seu livro, eu me encantei com a ideia, mas nem pensei em mim e indiquei amigos com trabalhos incríveis, de real inspiração paulistana. Já havia feito fotos da cidade, mas esse nunca foi o foco do meu trabalho. Meu mundo, minha cidade, era o de dentro. Tudo partia de uma busca pessoal, do me encontrar, do habitar meu próprio corpo com confiança e fazer parte do ambiente que me cercava. Meu trabalho era eu mesma. Acontece que a Marcia é também a minha mãe, e mãe às vezes enxerga além. Há de fato uma intersecção entre nossos olhares, pela escrita e pela fotografia. Já partilhamos da mesma família, mesma casa, mesma cidade, sempre seduzidas pelo desejo de encontrar beleza no cotidiano mais banal. Andando pela cidade e registrando sua arquitetura, ou nos jogos de espelho, no encantamento das roupas antigas e no me descobrir dentro de fragmentos familiares, minha fotografia conta um pouco das histórias desse livro. São visões distintas que se unem lindamente nessa obra.”

Maraí Senkevics, Abril de 2022

 

Em Exercícios de liberdade, os trabalhos de Marcia Christina Rigonatto, escritora, e Maraí Senkevics, fotógrafa, respectivamente mãe e filha, encontram-se através da literatura e da fotografia, para falarem da cidade que habitam: a de dentro e a de fora. Marcia usa a linguagem da crônica e da poesia para traduzir em palavras paisagens, experiências, memórias, a sua impressão e entendimento do ambiente urbano. Maraí concretiza tudo isso em suas fotografias e, emprestando um rosto à narradora do livro através de seus autorretratos, personifica essa mulher que busca por si mesma e se recria, dia a dia, através de sua relação com a arte, com a cultura, com o lugar que habita. Caminhar com elas é aceitar o convite feito no início do livro e se apropriar de sua própria cidade – que pode ser São Paulo, mas também qualquer outra do mundo – com seus recantos e suas histórias, suas personagens, seus mistérios e desafios, com sua poesia diária.

Marcia Christina Rigonatto, Setembro/2022

Uma viagem no trem caipira de Tarsila do Amaral

Uma viagem no trem caipira de Tarsila do Amaral

 

“Tarsila é um dos temperamentos mais fortes que os modernos revelaram pro Brasil(…)o que faz mesmo aquela brasileirice imanente nos quadros dela é a própria realidade plástica: um certo e muito bem aproveitado caipirismo de forma e de cor(…)”

Mário de Andrade para a coluna “Arte” do Diário Nacional, São Paulo, 21 dez 1927.

 

 

“Tarsila do Amaral me ensinou o que era Brasil e o que era América Latina”

Maria Pérez Sola

Na década de 70, a impressora artística Maria Pérez Sola conheceu a artista plástica Tarsila do Amaral, em São Paulo. A proximidade se deu, como bem conta Pérez Sola neste vídeo de sete minutos, a partir das atividades do Clube da Gravura, que naquele ano convidou Tarsila do Amaral a produzir uma gravura para cartão a ser enviado de presentes aos colecionadores associados do Núcleo de Gravadores de São Paulo – NUGRASP. Dessa parceria foram produzidos dois cartões para dois anos consecutivos, uma versão em rosa e outra em azul. O registro precioso de Pérez Sola confirma aquilo que em 1927 Mário de Andrade declarou sobre a obra de Tarsila: um dos temperamentos mais fortes que os modernos revelaram pro Brasil. No vídeo, PS conta como TA ensinou-a a chegar à produção do azul e do rosa caipira: por meio de uma viagem de trem pelo interior, saindo da capital São Paulo percorrendo os arrabaldes até Carapicuíba. Realmente uma história surpreendente e típica de quem mostraria o Brasil em formas e cores. Desse encontro, surgiu o trabalho Crianças no Vilarejo*, gravura que será o tema da sexta edição do FINART, a ser realizado de 04 de outubro a 11 de novembro de 2022. Assim como “Pessoas Brincando”, criada no mesmo período, “Crianças no Vilarejo” mostra a visão, a vista de uma cena do cotidiano caipira, aquilo que Pérez Sola conta em seu trajeto no trem: crianças,
mulheres, cachorros, cajueiros, casas, o azul e o rosa caipira do Brasil.

Apesar de não ter participado da Semana de Arte Moderna de 1922, Tarsila, após uma turnê de cursos em arte com os grandes mestres na Europa, digere os conhecimentos adquiridos e incorpora o movimento antropofágico criando uma arte particular e genuinamente brasileira. Mário de Andrade temia as influências estrangeiras sobre a obra de Tarsila, como bem alerta em carta***: “Creio que não cairás no cubismo. Aproveita deste apenas os ensinamentos. Equilíbrio, Construção, Sobriedade. Cuidado com o abstrato. A pintura tem campo próprio. Não gosto dos vizinhos que fazem incursões pelas searas alheias.” Tarsila retornou ao Brasil e com Oswald de Andrade funda o Movimento Antropofágico que propõe a “devoração cultural das técnicas importadas”. Esse movimento passa a exercer grande influência em vários momentos da história cultural do Brasil, por exemplo, a Tropicália.

* Ficha técnica Cartão Crianças em rosa e Cartão Crianças em azul – Ano 1970/72 -Gravura em metal, dimensões da matriz: 9,5 x 10,5cm.
**Pessoas brincando – Gravura em metal P.A. – 35x50cm – Acid 1970
*** Carta de Mário de Andrade para Tarsila do Amaral – 16 de junho de 1923

Residencia de Arsfactus: TRAS pasos en Los Vilos!, por Virginia Araya

Residencia de Arsfactus: TRAS pasos en Los Vilos!, por Virginia Araya

Residencia de Arsfactus

emilla – Paisaje – Naturaleza  – Apoyo – Germinar – Textil – Conexión – Familia – Colectivo – Amigas

Estos tremendos conceptos, son las palabras que más se repitieron en el conversatorio que dio el vamos a la residencia artística de las diez integrantes del colectivo santiaguino Arsfactus más invitadas, en Los Vilos en mayo pasado. Fueron el in put de inspiración para estas creadoras que inspiradas en el texto “Los Espejos” de Jorge Luis Borges: la obra como reflejo se atrevieron a reflexionar en este pueblo de la costa de la cuarta región, sencillo, duro, pero con mucha historia ancestral escondida en sus tierras.

“Mujer, espejo, imagen y símbolo”… no son acaso un solo tema? Sí, bien puesto el título de la exposición TRAS pasos.
Se contienen mutuamente y seguramente quedarán reflejados sin límites claros en las obras de Denise Blanchard, Amelia Errázuriz, Maite Izquierdo, María José Mir, Carolina Oltra, Eliana Simonetti, Guadalupe Valdés, Angela Wilson, Cileni Pastene, Sol Germain y Carola Trimano (Sao Paulo, Brasil).

Este pensar y crear en torno al ser femenino al parecer es corolario del ejercicio que hicieron hace un tiempo pintando sus caras para estamparlas luego en una gaza y exponerlas pronto en un festival en Sao Paulo y después en Milán. Vaya!
El video que registra esa acción de arte evidencia una vez más, la prolijidad del trabajo en equipo que ha caracterizado a Arsfactus. Desde su creación, con sus diversos formatos, temáticas y técnicas, han hecho ruido en el ámbito cultural y, como he dicho, siento que son en sí mismas una instalación.

De seguro han sido inspiración y escuela para otros colectivos femeninos, que saben que hay que ganarse los espacios sin prisa pero sin pausa. El entusiasmo y la energía con que contaron sus experiencias, cómo se apañan, cómo se quieren y ayudan, pero por sobre todo, cómo han sido capaces de mirarse y mirar su entorno, poniendo juicio crítico al contexto y vaciarlo en sus obras, es muy emociónate porque es verdadero. Y es que las mujeres hacemos familia en nuestros oficios también, con lealtad y compañerismo eterno, cada una en su propia imagen y realidad femeninas, tanto que asistentes externas al conversatorio se sintieron inmediatamente integradas al grupo. Como las olas del mar que TRAS pasos, todas son una finalmente.

Primero, le propusieron a la ‘Gabriela Mistral Foundation US’ en Nueva York, el proyecto IN LIBRIS (2014) que resultó un éxito. Cada artista trabajó sobre una selección literaria específica de una obra de Gabriela Mistral y/o Isabel Allende. El resultado de este particular homenaje a modo de pieza de arte única e irrepetible fue muy aplaudido por el singular encuentro de las artes visuales con la literatura. La inauguración en la gran manzana coincidió además con la entrega del ‘Humanitarian Award Gabriel Mistral’ a la propia Isabel Allende.
Luego, en 2015, protagonizaron una interesante residencia: se instalaron durante un mes en una antigua fábrica  textil en la Factoría Santa Rosa del Barrio Franklin para nutrir sus expresiones de esa colorida cultura popular. A esa enriquecedora vivencia como cuentan, la titularon PLACER (se pueden ver detalles de las obras en www.arsfactus.com.
Ahora, dejarán sus huellas en Los Vilos, no sólo en el Bodegón como espacio de exposición, sino TRAS pasos: en sus calles, con su gente, con sus colores, con sus texturas costeñas.
Qué curiosidad ver el resultado….

 

 


Carolina Oltra

“El Bodegon cultural de Los Vilos fue el territorio simbólico de mi investigación, es el espacio de reflexión y en el que residimos por un tiempo determinado y acotado. En el invernadero de bodegón, al mirar por la ventana, un umbral profundo, misterioso y fecundo, con huellas de una imagen velada, un sueño protegido por el vidrio y nada mas deslumbrante que una ventana tenuemente iluminada. La luz del sol nos muestra cuanto acontece tras unos cristales. En esa oquedad radiante o sombría, la vida sueña, sufre, vive. Más allá de las ventanas del invernadero como referente, en la serie de imágenes hay una inquietud por reflejar la complejidad del material y explorar las posibilidades poéticas y sus diversas resonancias”. – Carolina Oltra, artista.

Fonte: https://revistaphilos.com/2019/06/21/residencia-de-arsfactus-tras-pasos-en-los-vilos-por-virginia-araya/